domingo, 31 de outubro de 2010

Jogos em Rede

Introdução

Saudações aos leitores. Para o artigo deste mês que se encerra, decidi sobre um tema um tanto interessante, no qual estou pensando há algum tempo. Conforme as idéias amadureciam e pesquisas sobre o assunto eram feitas,  decidi desviar o foco do artigo de sua motivação original, passando para outro ponto referente ao assunto e que considerei mais relevante. O assunto deste artigo é jogos em rede, mais precisamente sobre a jogatina com o uso de consoles antigos conectados, algo que me rendeu algumas surpresas enquanto pesquisava sobre o tema. Este artigo terá um estilo um pouco mais próximo dos textos sobre consoles em razão da forma como o tema será abordado.

O início

O início da conexão de consoles domésticos à redes de diversas espécies não é algo recente, sendo muito mais antiga do que muitos imaginam, com os primórdios da conexão remetendo ao início da década de 1980 e os consoles daquela época, como o Atari 2600 e o Mattel Intellivision. Esses primeiros passos na conexão de consoles domésticos não permitiam que os jogadores interagissem uns com os outros através de uma rede, sendo primeiramente serviços de distribuição de jogos, que poderiam ser baixados mediante um serviço prestado por assinaturas periódicas e pagamento de quantias por cada jogo. Apesar das limitações, esses primeiros passos foram interessantes do ponto de vista tecnológico, pois anteciparam algo que se tornaria realidade em um futuro não muito distante.

1) CVC GameLine

O CVC GameLine era um cartucho desenvolvido pela Control Video Corporation para o Atari 2600 e que permitia ao console baixar jogos através de uma linha telefônica, entrando em operação em 1983. O serviço foi criado por William Von Meister, que buscava um meio de usar sua tecnologia de transmissão por modem para distribuir músicas, mas por questões legais teve de abandonar esse projeto; em razão disso, ele adaptou essa tecnologia para a distribuição de jogos a partir de servidores centrais para o consumidor final, o que permitia aos usuários comprar jogos pela rede que era acessada através de uma assinatura periódica e os jogos eram cobrados à parte. O GameLine originalmente não se destinaria somente a distribuição de jogos, mas também a outros serviços, como: distribuição de notícias, informações sobre o mercado financeiro, resultados de competições esportivas, dentre outros. Contudo, a empresa encerrou suas atividades em 1984, em virtude do Crash da indústria ocorrido no mesmo ano. 

2) PlayCable

O PlayCable foi um sistema de distribuição de jogos desenvolvido pela Mattel para o Intellivision; esse sistema entrou em operação em 1981 e utilizava a rede de TV por assinatura para a distribuição de jogos, devendo o jogador utilizar um conversor adequado, o PlayCable Adapter, ligado ao console para que pudesse ter acesso aos jogos da rede, além disso, o serviço era acessado através de uma taxa periódica de assinatura. O PlayCable teve sua operação encerrada em 1983, em virtude do aumento do tamanho dos jogos lançados para o console, que se tornaram maiores do que o sistema podia suportar. Os conversores PlayCable Adapter são bastante raros atualmente.

3) Famicom Modem
Imagem do Famicom Modem ligado ao Famicom

Esse periférico para o Famicom (a versão japonesa do NES) foi lançado em 1988 e somente no Japão, ele permitia ao usuário acessar um servidor que dispunha de dicas para jogos, piadas, previsão do tempo, análises e prévias de jogos e algum conteúdo que podia ser baixado; com o modem também era possível realizar algumas transações bancárias e comercialização de ações. Apesar de possuir todos esses recursos, ele não tinha a função de proporcionar partidas em rede.

Nova década, novos consoles e novos serviços

Na década de 1990, com o surgimento de novos consoles, surgiram também novos serviços em rede, com um número maior de funções e maior grau de interatividade entre os jogadores e destes para com o sistema. Alguns desses sistemas eram apenas serviços de distribuição de jogos, enquanto outros já permitiam partidas em rede, alguns desses serviços eram prestados pelos próprios fabricantes dos consoles, enquanto outros eram de empresas independentes. A seguir, vou abordar alguns desse serviços, tanto de distribuição de conteúdo quanto de rede para jogos, mas vou me ater apenas aos consoles até a geração 16bits.

1) Teleplay Modem
Imagem do Teleplay Modem do NES
Imagem do Teleplay Modem do Mega Drive

O Teleplay Modem foi um modem desenvolvido por Keith Rupp e Nolan Bushnell originalmente para o NES, visando proporcionar partidas em rede entre os jogadores, o modem também teriam compatibilidade com o Mega Drive e o SNES. O primeiro protótipo, chamado "Ayota Modem", foi apresentado na Consumer Electronics Show de 1992, onde teve uma boa recepção. Posteriormente, Nolan Bushnell abandonou o projeto e Keith Rupp fundou a empresa Baton Technologies, onde continuou a desenvolver o aparelho, alterando seu nome para "Teleplay Modem", o aparelho apresentaria compatibilidade de alguns jogos entre NES, Mega Drive e Super Nintendo, permitindo partidas entre os proprietários dos três consoles. Tanto a Nintendo quanto a Sega se recusaram a licenciar o Teleplay Modem e seus jogos, o que levou a companhia a encerrar esse projeto em 1993.

2) Sega Meganet
Imagem do Sega Mega Modem lançado no Japão para acessar a rede
Imagens das duas versões do modem lançadas no Brasil

O Sega Meganet era um serviço de rede desenvolvido pela Sega para o Mega Drive; para utilizar esse serviço, o usuário deveria conectar um modem ao console; esse serviço proporcionava o acesso a uma rede na qual jogadores em diferentes localidades podiam jogar uns contra os outros, também era possível baixar alguns games simples por esse serviço. O Sega Meganet foi lançado em 1991 no Japão, mas não obteve o sucesso esperado, sendo descontinuado algum tempo depois; a Sega pretendia disponibilizar o serviço nos EUA, mas não chegou a fazê-lo. O Sega Meganet foi disponibilizado no Brasil pela Tectoy a partir de 1995.

3) XBAND
Imagem do XBAND em suas versões para Mega Drive e Super Nintendo

O XBAND era um serviço de jogo em rede criado para o Mega Drive e o Super Nintendo pela Catapult Entertainment; o serviço era fornecido através de um aparelho que era encaixado entre o cartucho e o console e que contava com uma conexão a uma linha telefônica, pela qual se conectava a rede de serviço. O XBAND entrou em operação nos EUA no final de 1995 e início de 1995, tendo em seu auge cerca de 7000 assinantes, mas em 1997 o serviço encerrou suas atividades.

4) Sega Channel
Imagem do aparelho utilizado para acessar o Sega Channel

O Sega Channel era um provedor de jogos criado pela Sega para o Mega Drive; o serviço entrou em operação em 1994 pela Time Warner Cable e pela TCI; o serviço era acessado através de um componente que era encaixado na entrada de cartuchos do console e que contava com uma entrada para o cabo de TV por assinatura, por onde a rede era acessada mediante o pagamento de uma assinatura periódica. Os serviços ofertados eram relacionados à distribuição de jogos pela rede, que eram bastante variados entre si, que eram versões demo de games que seriam lançados, versões modificadas de jogos que eram vendidos nas lojas e títulos exclusivos. O Sega Channel esteve presente em outros países além dos Estados Unidos, como Canadá, Reino Unido, Chile, Argentina e Austrália, sendo promovido em cada um desses países por empresas locais. O Sega Channel encerrou suas atividades em 1998.

5) Satellaview
Imagem do Satellaview conectado ao Super Famicom

O Satellaview era um modem via satélite desenvolvido pela Nintendo para o Super Famicom (a versão japonesa do SNES), o acessório foi lançado em 1995 e apenas no Japão; o Satellaview era composto de um modem, que era encaixado na parte inferior do console, um cartucho BS-X e um cartão de memória de 8MB. O serviço permitia ao usuário baixar jogos criados especialmente para o sistema, revistas em formato digital e conteúdos extras; todos esses serviços eram acessados mediante assinatura periódica. O Satellaview encerrou suas atividades em 2000.

Conclusão

Neste artigo busquei discorrer um pouco sobre jogos e serviços de distribuição de conteúdo por rede em consoles antigos, apresentando alguns serviços e acessórios lançados para alguns consoles do passado. Contudo, meu objetivo em momento algum foi abordar esse tema em sua totalidade, pois tive muitas surpresas enquanto trabalhava no artigo, descobrindo a existência de periféricos que sequer imaginava que existiam.
Foi interessante, mas ao mesmo tempo trabalhoso escrever esse artigo, pois conforme pesquisava para escrevê-lo, mais conteúdo relacionado ao tema surgia.

Referências

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