A coluna [Lado B] continuará sendo publicada quinzenalmente, mas agora aos sábados ou domingos.
Durante o jogo, a luta do jogador dentro do sistema presente para cumprir um objetivo específico, permanecer mais alguns instantes na disputa ou mesmo a sobrevivência pura e simples diante do fim iminente e inexorável são coisas inegavelmente presentes em qualquer jogo, independente do gênero; a luta para que não acabe existe e está lá, mesmo que implicitamente, o jogador, ao se envolver com a experiência de jogo, em maior ou menor grau, torna-se mais aguerrido diante do fim, lutando para que a partida não acabe naquele momento.
Uma questão de sobrevivência. Talvez seja esta a explicação para se lutar tanto contra o fim, ainda que este seja inevitável, seja a luta pela sobrevivência em um game de ação, ou para reverter a situação desfavorável em um jogo de esporte mesmo nos momentos finais, a luta para que não se chegue ao fim, ainda que, independente do que o jogador faça, nada mude, é um fator do jogo, não de um game específico, mas de um modo geral, pois de uma maneira ou outra haverá as condições para o fim da partida e a luta do jogador para que não acabe prematuramente, com a constante persecução do objetivo, ainda que seja apenas sobreviver.
A luta, a disputa e o conflito, seja contra outro jogador, a máquina, o sistema disposto, ou ainda contra si mesmo é um fator presente em praticamente qualquer jogo, com algumas exceções. A regra é que haja o desafio, seja ele qual for; dentro desse desafio há o conflito, entre o sistema de jogo, que busca derrotar, eliminar o jogador dentro da proposta apresentada e o jogador, que busca constantemente vencer o desafio ou permanecer na disputa o maior tempo possível; independente de qual seja a proposta apresentada pelo game, haverá momentos em que o jogador estará em condições adversas, seja na última vida ou com a energia quase no fim, seja em uma partida com o placar desfavorável, ou ainda em clara e inequívoca desvantagem, nessas condições, o jogador aparentemente reúne forças e passa a demonstrar maior força de vontade de continuar na disputa, de querer que ela não acabe naquele momento e de forma desvantajosa, a força de vontade se torna explícita pela maior destreza com os controles quando se está perto do fim. O fim, ainda que seja inevitável, faz parte da experiência de jogo, seja o final "bom" ou "ruim", ele estará lá. Digo "bom" ou "ruim" entre aspas , pois o juízo de valor sobre os finais possíveis são relativos, dependendo das preferências e dos referenciais de cada um, mas ainda assim a luta contra contra o término prematuro é uma constante, ainda que não se perceba.
A coluna dessa quinzena foi em parte fruto de experiências pessoais, em muitas situações, a iminência do fim prematuro, seja através da morte ou da derrota, me faziam, e ainda fazem jogar de modo diferente, seja de maneira cautelosa, para sobreviver mais tempo, , ou de forma mais agressiva, visando obter a vitória mais rapidamente ou reverter um placar desfavorável, a forma com que jogava mudava substancialmente em ambos os casos, que têm algumas características em comum, como o aumento na destreza e na velocidade de raciocínio; em todas essas situações, o aumento quase súbito no afinco não é algo deliberado, mas que surge de forma espontânea, com o envolvimento no conflito, na disputa. O desejo de se continuar lutando continua, mesmo diante do fim iminente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário