segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Amor ao desafio ou masoquismo?

Introdução

Saudações aos leitores. Para o artigo deste mês que se encerra, decidi abordar um tema que me veio à mente enquanto me lembrava de alguns jogos em particular e jogava tantos outros, todos eles com uma característica em comum: a dificuldade incrivelmente alta; em todos eles eu era pisoteado impiedosamente ainda nos primeiros instantes, até o momento em que finalmente começava a adquirir a habilidade necessária para sobreviver mais alguns momentos dentro do game, até ser vencido de forma rápida e avassaladora por um novo desafio. Apesar destes jogos nem sempre pertencerem ao mesmo gênero, eles causavam um sentimento em comum, pois independentemente do fato de ser massacrado por repetidas vezes e em curtos períodos de tempo, não conseguia parar de jogar. Sendo assim, este artigo abordará alguns games antigos que, apesar da dificuldade elevada, conquistaram os jogadores.

O gosto pela dor

Alguns jogos conseguem trazer aos jogadores um estranho sentimento, pois independentemente de suas dificuldades insanas, eles continuam sendo atrativos, estimulando o jogador a continuar jogando cada vez mais, superando obstáculos e contratempos aparentemente intransponíveis através da persistência, em um processo de tentativa e erro, que ao mesmo tempo em que se busca vencer um desafio, o jogador se dispõe a enfrentá-lo sucessivas vezes. O que há de tão atrativo nesses games, que apesar de serem incrivelmente difíceis e apresentarem obstáculos aparentemente insuperáveis, continuam a atrair e prender a atenção dos jogadores, causando um estranho gosto pela dor? Alguns jogos que, embora submetam o jogador a tiroteios insanos, batalhas em que o protagonista está em clara e inequívoca desvantagem, infindáveis situações adversas, dentre outros exercícios de tortura deliberadamente programados, ainda assim conquistaram seu espaço dentre os grandes clássicos dos video games, sendo relembrados não apenas por virtudes como gráficos e jogabilidade impecável, mas principalmente por suas dificuldades indecentemente altas, que ao mesmo tempo em que geram um crescente desejo de superação, presenteiam aqueles que se dispõe a enfrentá-los com constantes doses de adrenalina.

Alguns clássicos desafiadores

Ao longo dos anos, vários jogos com as características citadas anteriormente foram lançados para inúmeras plataformas, alguns deles e tornaram clássicos, enquanto outros são mais obscuros, mas ainda assim têm seus méritos. Independentemente da fama, todos esses jogos apresentam jogabilidade impecável, que colocam diante do jogador desafios absurdos e até mesmo exagerados, mas sem se tornarem frustrantes, esses games têm o grande mérito de proporcionar desafios muito elevados, mas sem se tornarem desagradáveis, atraindo e estimulando os jogadores cada vez mais, incentivando a persistência até o momento em que o desafio é superado. Para este artigo, escolhi sete jogos que, em minha opinião, apresentam de forma inequívoca desafios extremos, mas ao mesmo tempo irresistíveis.

1) Battletoads (NES)
A aventura dos sapos musculosos é um dos jogos mais cultuados da biblioteca do NES, e merecidamente, pois apresenta ótimos gráficos e música para a época, mas o principal destaque do jogo é sua dificuldade, que é assustadoramente alta, mas ainda assim irresistível, apresentando uma relativa calmaria inicial, o game em pouco tempo lança o jogador em desafios incrivelmente difíceis, que exigem muito tempo e dedicação para serem vencidos. Essa dificuldade elevada, mas ainda assim atraente, faz deste jogo um clássico!

2) Contra (NES)
Este game é famoso por colocar o jogador em meio a combates insanos, nos quais um único tiro pode arruinar todo o esforço feito para se chegar àquele ponto, contudo, ele causa no jogador a estranha vontade de jogar novamente e vencer aquele inimigo ou passar por determinado trecho da fase;  a jogabilidade perfeita de Contra alia ótimos controles, cenários muito bem elaborados, combates frenéticos e mestres desafiadores; embora as poucas vidas disponibilizadas possam ser multiplicadas através do Konami Code, isso não tira totalmente o mérito do jogador que consegue terminar Contra, este verdadeiro clássico do tiroteio!

3) Ninja Gaiden (NES)
A primeira aventura de Ryu Hayabusa no NES foi escolhida como representante da série, famosa pela elevada dificuldade em seus jogos; Ninja Gaiden apresenta ótimos gráficos, que proporcionam cutscenes cinematográficas entre as fases, somados a uma boa trilha sonora, entretanto, seu principal destaque está na jogabilidade, que apresenta a união entre inimigos numerosos e difíceis de serem derrotados, fases muito bem elaboradas e mestres que exigem muito mais que apenas o esmagamento incessante de botões para serem derrotados; o conjunto de fatores que compõem os desafios apresentados em Ninja Gaiden elevou a dificuldade quase ao máximo, fazendo deste jogo um ótimo desafio até hoje!

4) Zelda II: The Adventura of Link (NES)
A segunda aventura de Link é totalmente diferente da primeira, apresentando uma jogabilidade que mistura aspectos de jogos de ação com progressão lateral com características de RPG, trazendo desafios ao mesmo tempo interessantíssimos e quase cruéis, pois as masmorras estão repletas de inimigos que exigem estratégias próprias para serem derrotados, com destaque para os mestres, além de tais cenários serem bastante elaborados; o game exige do jogador muita habilidade e destreza nos controles para lidar com os constantes desafios. Este game é um dos mais difíceis da série The Legend of Zelda e também do NES, mas ainda assim um clássico de sua geração.

5) Gaiares (MD)
Este Shoot'em up lançado para Mega Drive em 1990 apresenta uma mecânica de jogo bastante característica, que consiste no uso de cópias das armas dos inimigos; embora a dificuldade elevada seja uma característica bastante comum de shoot'em ups, o desafio apresentado em Gaiares é particularmente difícil, pois o jogador constantemente se encontra em combates frenéticos, nos quais a desvantagem numérica e a disparidade de força entre a nave do jogador e os inimigos são evidentes, resultando em uma experiência insana, mas envolvente!

6) Phantasy Star II (MD)
O segundo game da série, lançado para Mega Drive, apresenta muitos avanços se comparado a outros RPGs lançados na mesma época, mas uma de suas principais características é a dificuldade, incrivelmente elevada desde seus primeiros momentos e bastante desafiadora até mesmo para jogadores mais experientes em RPGs, com batalhas contra inimigos bastante poderosos, que exigem não apenas habilidade, mas também inteligência e um pouco de sorte para serem derrotados; mesmo com dificuldade elevada, Phantasy Star II é um jogo cativante, que prende a atenção do jogador não apenas pela história, mas também pelo desafio!

7) Hagane (SNES)
Um excelente jogo de ação da Hudson Soft para Super Nintendo; nessa aventura estrelada pelo ninja Hagane, o desafio é uma constante, pois embora o protagonista tenha várias habilidades e poderes consideráveis, as adversidades se mostram muito além dos poderes do ninja, obrigando o jogador a compensar a diferença com sua habilidade, em fases elaboradas, nas quais obstáculos e inimigos podem destruir o personagem em poucos instantes. Uma aventura memorável!

Conclusão

A dificuldade em si faz parte do desafio de todos os games, embora ela possa ser selecionada ou esteja presente em diferentes níveis, ela sempre estará lá. Na ideia central do artigo, a dificuldade, principalmente quando ela é mais elevada em jogos melhor trabalhados, se revela atraente, mesmo sendo constantemente cruel; dentro dessa situação, a dificuldade e o desafio proporcionado se mostram não como um exercício de masoquismo, mas sim como algo a ser superado, não apenas no que diz respeito àquilo que está presente no jogo, mas também dos próprios limites de quem joga.

Um comentário:

Anônimo disse...

É legal ver jogos que, apesar de desgraçadamente dificeis, ainda assim são bons jogos! Entre os modernos eu citaria Devil May Cry 3, que é absurdametne viciante!
Por outro lado existem os que são dificeis, mas para foder tudo, são ainda ruins, como é o caso de Silver Surfer, que é ruim em qualquer aspecto: Level design estúpido, jogabilidade mal planejado, não oferece estimulos para jogar, deprecia completamente o personagen das HQs.