segunda-feira, 25 de abril de 2011

[Lado B] Direito sobre a vida e a morte

O controle absoluto, o poder de decisão supremo e o direito quase divino de controlar praticamente todos os aspectos, tendo até mesmo a possibilidade de decidir sobre a vida e a morte do personagem parece ser o atrativo de alguns jogos, sejam de estratégia ou de simulação de ambientes, como cidades, hospitais e até mesmo pessoas, o poder de decisão absoluto que não existe no mundo real torna-se palpável no virtual, onde, em tese, tudo é possível, inclusive moldar o mundo à sua vontade.
Esse controle absoluto dentro de alguns games representa a possibilidade de exercício da liberdade de escolha em sua forma mais pura, sem responsabilidades além das previstas no jogo, sem consequências reais para quem joga e sempre com a possibilidade de se recomeçar do zero absoluto sempre que for conveniente; a concessão do poder absoluto, ainda que dentro de um jogo e sobre seus elementos é algo interessante, pois permite o exercício de um poder que talvez não se tenha no mundo real, ainda que dentro de um pequeno universo, servindo tanto como entretenimento quanto como fuga da realidade, sendo a utilidade conferida pelo próprio jogador.
Quem já brincou com Lego ou já jogou certos jogos teve a oportunidade de criar seu pequeno universo, moldando-o conforme sua vontade e de acordo com suas preferências, conferindo ao ambiente e às pessoas que o habitam suas próprias características, como é o caso do jogo de computador Black & White, onde o jogador assume o controle absoluto de todo um mundo, podendo agir livremente, tanto para o bem quanto para o mal daqueles sob sua autoridade. Outro caso é no jogo The Sims, que não joguei muito, mas ainda assim foi o suficiente para perceber certas coisas, como o controle que se tem sobre o personagem e os aspectos de sua vida de forma quase absoluta, podendo o jogador definir todos os principais aspectos da vida daquele personagem, criado segundo a vontade do jogador, que embora deva satisfazer seu pequeno avatar, pode simplesmente ignorar isso e manipular ao seu bel prazer o pobre personagem, podendo inclusive acabar com sua existência sem esforço.
Ambos os exemplos citados no parágrafo anterior ilustram o conceito de controle absoluto de alguns jogos, embora sejam de gêneros diferentes, os poderes dados ao jogador têm alguns pontos de convergência, como  o livre arbítrio dentro desses pequenos universos, nos quais a benevolência e o sadismo podem ser explorados até as últimas consequências, ou ainda a capacidade de criação de um mundo a partir do zero e o retorno do ambiente a esse mesmo estado, tudo isso passa pelo crivo do jogador.
Para finalizar, a concessão de poderes quase absolutos sobre um pequeno universo dentro de um jogo é algo sempre interessante, pois o exercício de poder, ainda que sobre um ambiente virtual, pode ser uma experiência interessante, necessária e, por que não, divertida?

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